Redação
“O que eu vejo da janela do meu quarto”
Debruçado na janela do meu quarto abro bem os olhos para ver o que vai lá fora: longínquos um par de namorados ciciam palavras doces, adivinhando um mundo que ainda lhes não pertence.
Quem me dera ser como eles, entregue à mesma irresponsabilidade voando muito alto, longe da realidade.
Subindo a calçada, uma velhinha trôpega estende a mão à caridade e eu fico-me a pensar como a sociedade é tão egoísta que não deixa a cada pessoa o suficiente para viver...”uma esmolinha por amor de Deus”! Sim, quem não lhe dará alguma coisa daquilo que sobra para que a velhinha não tenha fome?
Dobrando a esquina da rua a velha presunçosa, coberta de adornos e de pó de arroz que nem assim consegue esconder os muitos anos que roubaram a sua beleza. Só o homem sabe mentir, fingindo ser aquilo que não é. Fazendo de agruras e sempre atrás do arco, criando problemas de trânsito lá vai o garoto descalço mas feliz, senhor de um reino que é a rua de um cetro que é o seu arquinho.
Que saudades do tempo em que também assim fui.
E tantas coisas mais eu vejo da janela do meu quarto neste palco imenso que é o mundo.
*Fernando Lopes Rosa*