Neste dia, evoco Luís Vaz de Camões, a herança que nos deixou, o Poeta maior da Língua Portuguesa, que celebrou Portugal e o Amor, que celebrou a Vida, as Paixões em palavras tão belas, tão certas, que tocam o mais insensível dos mortais.
Não quero saber de discursos de louvaminha, de peregrinações ministeriais pelos lugares da Língua, das palavras balofas e vazias que se repetem ano, após ano, sem proveito para o corpo nem para a alma.
Só há uma maneira certa de celebrar a Língua e o seu maior Poeta: Lendo Camões e a galeria extraordinária de poetas, de escritores, de mestres que nos ensinaram a emoções, as paixões, o Amor, o encontro, o abraço, a alegria. Que deram sentido às nossas lágrimas, aos nossos tormentos, que ensinaram a rimar a palavra Esperança.
Porém, hoje, regresso ao evocado. Deixo-vos esta pérola sobre os amores de Pedro por Inês, imortalizada no Canto III d’Os Lusíadas, tão bela que se ama, só de ler.
"Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes insinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
Do teu Príncipe ali te respondiam
As lembranças que na alma lhe moravam,
Que sempre ante seus olhos te traziam,
Quando dos teus fernosos se apartavam;
De noite, em doces sonhos que mentiam,
De dia, em pensamentos que voavam;
E quanto, enfim, cuidava e quanto via
Eram tudo memórias de alegria"
Viva a Língua Portuguesa! Viva Camões.
Francisco Moita Flores