Dia Internacional da Mulher

O 8 de Março é fruto de lutas internacionais pelos direitos das mulheres na Europa e nos Estados Unidos, e um dos nomes de destaque na sua criação é o da feminista e sufragista alemã Clara Zetkin. Foi ela que, em 1910, em Copenhague, propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher como uma jornada de manifestações anuais pelos direitos das mulheres e pelo socialismo.

O primeiro Dia da Mulher já havia sido celebrado um ano antes, nos Estados Unidos, por iniciativa de mulheres do Partido Socialista da América. No entanto, seria a proposta de Zetkin, inspirada na bem-sucedida experiência americana, que originaria a comemoração universal. As celebrações tiveram início em 1911, em 19 de março, que seria oficialmente o primeiro Dia Internacional da Mulher, na Alemanha, na Dinamarca, na Suíça e no Império Austro-Húngaro.

A ideia, que foi apresentada por Zetkin na Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, na capital dinamarquesa, era celebrar a luta das mulheres de todo o mundo pela igualdade de direito e pelo voto feminino. Em seu discurso, Zetkin clamou, sobretudo, pela necessidade de espaços políticos pensados por e para mulheres.

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Ambiente

Os desafios da sustentabilidade ambiental

Essencial para assegurar o futuro do planeta para as próximas gerações, a sustentabilidade ambiental deve ser um fator cada vez mais importante para a gestão das empresas e uma prioridade política para muitos países e organizações

combinação da aceleração das mudanças climáticas com o crescimento da desigualdade de rendimentos, a pandemia causada pela covid-19 e os conflitos geopolíticos mais recentes criaram enormes desafios em relação à forma como as empresas e as economias dos países são geridas. Em resposta, as primeiras, pressionadas por investidores, empregados e colaboradores, clientes, ativistas e consumidores, estão a implementar iniciativas de sustentabilidade a um ritmo sem precedentes, após anos de ceticismo e pouco compromisso com a necessária mudança.

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Dia Mundial da luta contra o cancro

O cancro do pulmão é responsável por cerca de 20% das mortes por cancro em todo o mundo. Falámos sobre esta doença com o médico Helder Novais e Bastos, Pneumologista do Hospital São João e Professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

O cancro do pulmão é um dos tipos de cancro mais comum e com maior taxa de mortalidade em todo o mundo. Em Portugal, estima-se que ocorram 4 mil novos casos por cada ano, o que representa 11,4% dos tumores entre os homens (3 mil casos) e 4,2% entre as mulheres (mil casos).

A deteção precoce é bastante importante, mas dificultada pelo facto de, muitas vezes, os sinais e sintomas tardarem anos a desenvolver-se e só se manifestarem num estadio avançado da doença. No entanto, a cada vez maior aposta na investigação científica nesta área e a melhoria substancial ao nível do diagnóstico e tratamentos nas últimas décadas, tem permitido um aumento significativo da sobrevida destes doentes.

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Maria de Lourdes dos Anjos

Quando me pediam papel macio pró cu e roupa boa prá gente…

Estávamos ainda  no século XX, no longínquo ano de 1968, quando a vida me deu oportunidade de cumprir um dos meus sonhos: ser professora, Dei comigo numa escola masculina, ali muito pertinho do rio Douro, na primeira freguesia de Penafiel, no lugar de Rio Mau. Era tão longe, da minha rua do Bonfim, não podia vir  para casa no final do dia, não tinha a minha gente, e eu era uma menina da cidade com algum mimo, muitas rosas na alma, e tinha apenas 18 anos.

Nada me fazia pensar que tanta esperança e tanta alegria me trariam tanta vida e tantas lágrimas. Os meninos afinal eram homens com calos nas mãos, pés descalços e um pedaço de broa no bolso das calças remendadas. As meninas eram mulheres de tranças feitas ao domingo de manhã antes da missa, de saias de cotim, braços cansados de dar colo aos irmãos mais novos, e de rodilha na cabeça para aguentar o peso dos alguidares de roupa para lavar no rio ou dos molhos de erva para alimentar o gado.

As mães eram mulheres sobretudo boas parideiras, gente que trabalhava de sol a sol e esperava a sorte de alguém levar uma das suas cachopas para a cidade, “servir” para casa de gente de posses. Seria menos uma malga de caldo para encher e uns tostões que chegavam  pelo correio, no final de cada mês.

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A Paisagem

A poucos quilómetros da cidade deixámos a estrada alcatroada e embrenhámo-nos pelo mato. A vegetação verdejante que corria ao lado da estrada perde o seu viço e plantas e, ervas oferecem aspeto desolador.

O jipe passa a custo por entre árvores espinhosas que riscam os vidros como unhas de gato assanhado. Aqui e além, pequenos répteis atravessam o caminho deixando na areia o rasto por onde passaram. Cada planta parece gritar a Deus a bênção de uma gota de água. A cantilena monótona das cigarras torna mais duro ainda o ar que respiramos.

Mais ao longe o caminho desce. A nossos pés uma planície baixa, inundada de lagoas aqui e além.

Foi nessa terra alagadiça que se fixaram grupos de camponeses que arrancam à terra os seus produtos em troca de muito suor.

Parámos à sombra de um cajueiro, tirámos a merenda do bornal e bebemos água fresca. Um agricultor que passa ao nosso lado saúda-nos com muito respeito. Oferecemos da nossa merenda e, em paga, fomos convidados a acompanhá-lo à machamba, onde orgulhosamente nos foi mostrando o fruto de dez anos de trabalho. Este pedaço de verdura no fundo de um vale tem o gosto de um oásis num deserto.

Mal sabia esse herói da terra que dias depois, um rio embravecido sairia do leito para arrasar aquele jardim.

Como é incerta a nossa vida!

Regressámos a casa. Os mesmos picos aguçados lá estavam ameaçadores, respirámos por fim na estrada larga e escura não podendo porém esquecer aqueles que, numa luta constante arrancam da terra ingrata o seu sustento.

Fernando Rosa/Moçambique

International day of the Elderly

Respect, give love and affection

A Cidade do fim do mundo. (Svalbard)

Seja bem-vindo a Svalbard, o lugar mais remoto do mundo. É um arquipélago no meio do Oceano Ártico, onde 2.200 pessoas vivem na última cidade do planeta Terra – acima dela, ao Norte, não há nenhuma outra. A civilização literalmente termina aqui. Um lugar inóspito, rodeado por geleiras, com invernos de 16 graus negativos (no verão, 4 positivos) e grandes áreas cobertas por permafrost: gelo eterno, que não derrete nunca. Um lugar hostil, habitado por 975 ursos polares (um para cada três pessoas). Um lugar insólito, onde até o tempo é diferente. Porque no dia 11 de novembro todos os anos, o Sol se põe e só volta a nascer em 30 de janeiro. É a chamada Noite Polar, que mergulha a cidade em dois meses e meio de escuridão (e acontece porque ela, pela localização no extremo Norte da Terra, fica desalinhada com o Sol durante esse período). Em abril, começa o fenômeno oposto: o Sol da Meia-Noite, um período de cinco meses, até o final de agosto, em que a cidade é bombardeada por luz, – e o Sol brilha o tempo inteiro, 24 horas por dia. Svalbard é um lugar capaz de testar os limites do corpo e da mente humana. Você precisa ter um motivo muito forte para morar aqui.

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OS TÉCNICOS AUXILIARES DE SAÚDE

AS FORMIGUINHAS DO HOSPITAL: OS TÉCNICOS AUXILIARES DE SAÚDE

Já lá vão trinta anos. O mês de Maio viera quente, salpicado de trovoadas. Estava a trabalhar no cemitério dos Prazeres. Nesse tempo estudava os discursos simbólicos na arquitetura funerária que se traduziram na publicação de um ensaio – Cemitérios de Lisboa: Entre o Real e o Imaginário. Infelizmente está esgotado.

Estava quente e transpirado e soube-me bem a curta chuva que uma trovoada ali deixou. Mal sabia que esse alívio quase me mataria. O corpo quente contraiu bruscamente e foi com uma enorme dor de cabeça que saí do cemitério. A pernas pesavam, à minha frente a rua balançava e a visão era turva. Procurei chegar ao carro e pedir ajuda. E de súbito, perdi os sentidos. Acordei, já não recordo quanto tempo depois, nos Cuidados Intensivos do Hospital de Santa Maria. Foi então que soube que sofrera um acidente isquêmico cerebral e a mais angustiante verdade: O lado direito do meu corpo estava debilitado. Sem força na perna, no braço e a face rígida.

À minha volta estavam vários médicos (ou assim me pareceram) e enfermeiros. O mais velho, percebendo a minha aflição, foi perentório:

– Não se vá abaixo. O senhor vai recuperar. É uma questão de tempo.

No dia seguinte, soube que estivera três dias numa sonolência confusa, transferiram-me para o Hospital Garcia da Orta e foi aí que conheci o Dr. Coimbra.

Nunca mais o esqueci. Competente, dedicado, empenhado nos seus doentes. Explicou-me o que acontecera, que medicação haveria de tomar, os métodos de recuperação para fazer uma vida normal. Dia após dia, aquela alma voltava. Preocupado e diligente.

– Tem que fazer um esforço para andar. Tem que fazer movimentos com o braço e com a mão. Se não conseguirmos aqui, vai para Alcoitão. É demasiado jovem e vai recuperar.

Entrei em desespero. Não sentia dores. Apenas insensibilidade. Cada passo era um inferno. Apertar uma pequena bola com a mão, um verdadeiro pesadelo. Não havia computadores. Escrevo com caneta e sabia que a minha vida estava destruída se não melhorasse. Tudo deixou de fazer sentido. A paixão da minha vida estava morta. Os livros que bailavam dentro de mim jamais sairiam da minha cabeça. O prazer da escrita fora interrompido e, nos piores pesadelos, para sempre.

Foi, então, que surgiram as formiguinhas. Chamam-lhes Técnicos Auxiliares. Passavam várias vezes pelos quartos dos doentes, conversas animadas para estimular a vontade e, certo dia, uma delas disse:

– Hoje não vai ficar no quarto. Eu ajudo-o a ir até à sala e come e confraterniza com outros doentes.

E gracejou:

– Agarre-se a mim. Não tenha medo de que eu não o como e toca a andar.

Eram vinte metros de corredor que me pareceram vinte quilómetros. Colocou-me um babete e declarou:

– Agora vamos comer!

Nos primeiros dias, era uma dessas formiguinhas que pegava na colher. Depois, essa ou outra, obrigou-me a pegar na colher e a levar a sopa à boca.

– Não faz mal, se entornar que eu limpo.

Dias depois, uma outra ordenou:

– Hoje não vai pendurado de mim. Agarra-se ao protetor da parede contra os estragos das macas e eu amparo-o. Vamos embora e com energia!

E eu, obediente, cumpri.

São formiguinhas. Os nomes ficam gravados no coração em vez de ficarem na memória. São os Técnicos Auxiliares, o patamar abaixo de enfermeiros e médicos. Trabalhadores valentes e rijos e ternos e doces.

Devo-lhe o início do fim da minha tristeza infinita quando conseguiu comer a primeira sopa, sob o olhar vigilante de uma delas, e não entornei no babete. E depois, outra vitória: fui para o quarto, apoiado na tábua que protege as paredes do choque das macas, com uma outra formiguinha por perto.

O Dr. Coimbra registava as melhoras com prazer e sentia que o sol, embora ainda não tivesse nascido, estava a despertar dentro de mim. Andava pelo quarto. Rodava até ao infinito os manípulos das portas. A enfermeira chefe autorizou que andasse pelo corredor, as vezes que entendesse, e as formiguinhas, vigilantes, encorajavam-me e, por vezes, batiam palmas como se as minhas tristes e pequenas vitórias sobre o meu corpo fossem a sua alegria. A fisioterapia ajudava mas o segredo estava na insistência, na repetição, na resistência ao esgotamento.

Muito tempo depois, faltava a prova dos nove. Subir escadas e pegar numa caneta para escrever. As primeiras palavras foram arrancadas do fundo da alma e sem alma, letra desgarrada, cansada. Uma das formiguinhas ordenou:

– Escreva a frase: Vou ficar bem!

Demorou cerca de dez minutos.

E ela:

Agora, torne a repetir.

Foi nessa noite que uma outra formiguinha escutou o meu anseio. Respondeu-me:

– Se quer tentar subir degraus, vou consigo de elevador até ao piso debaixo, e subimos pelas escadas. Não é lá muito regulamentar, mas eu ajudo-o.

Demorámos meia hora naquele calvário. Era um Cristo sem cruz, amparado por um anjo que não desistia das palavras de conforto.

Enchi cadernos com frases sem sentido. Pouco importavam. O exercício era escrever. Caminhei quilómetros suados e magoados sem ir a lado de nenhum para lá do serviço de Neurologia e das escadas de acesso. Com as formiguinhas sempre em volta, vigilantes, solidárias.

Meses depois, o inesquecível do Dr. Coimbra apertou-me a mão pela milésima vez e eu correspondi enérgico para sua grande alegria e sentenciou:

– Amanhã, vai ter alta! Não esqueça a medicação e o exercício. Parabéns!

Aproximei-me da janela do meu quarto. O temporal tinha passado. Olhei sem ver Almada e o Tejo lá ao fundo e não consegui conter as lágrimas de alívio misturadas com inebriante prazer de vitória.

Para trás, ficaria o Garcia da Orta, o Dr. Coimbra, enfermeiros de exceção e, acima de tudo, o bando de formiguinhas que tanto fizeram para que recuperasse.

Os anos passaram. Os Técnicos Auxiliares de Saúde continuam a ser os mais humildes entre os humildes servidores dos Hospitais. Mas são gigantes! Guardo-os todos no lugar do coração onde arrumo a gratidão e estou com eles sempre, agora mesmo, quando exigem melhores condições de trabalho. Que Deus os ajude, como me ajudaram a renascer!

Francisco Moita Flores

Violência Contra a Pessoa Idosa

O Dia Mundial da Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa foi oficialmente reconhecido pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 2011, após solicitação da Rede Internacional de Prevenção ao Abuso de Idosos (INPEA), que estabeleceu a comemoração em junho de 2006.

Representa um dia do ano em que o mundo inteiro manifesta sua oposição aos abusos e sofrimentos infligidos a algumas de nossas gerações mais velhas.

A violência contra o idoso pode ser definida como “um ato único, repetido ou a falta de ação apropriada, ocorrendo em qualquer relacionamento em que exista uma expectativa de confiança que cause dano ou sofrimento a uma pessoa idosa”. É uma questão social global que afeta a saúde e os direitos humanos de milhões de idosos em todo o mundo e que merece a atenção da comunidade internacional.

Em muitas partes do mundo, o abuso de idosos ocorre sem que haja reconhecimento ou resposta, pois, até recentemente, esse grave problema social estava oculto à vista do público e era considerado um assunto privado. Ainda hoje, o abuso de idosos continua sendo um tabu, subestimado e ignorado pelas sociedades mundialmente. No entanto, há evidências que indicam que o abuso de idosos é um importante problema de saúde pública e social.

Ocorre nos países em desenvolvimento e nos países desenvolvidos e, no entanto, geralmente é subnotificado. As taxas ou estimativas de prevalência existem apenas em países desenvolvidos selecionados – variando de 1% a 10%. Embora a extensão dos maus-tratos aos idosos seja desconhecida, seu significado social e moral é óbvio e, como tal, exige uma resposta multifacetada, focada na proteção dos seus direitos.

De uma perspectiva social e de saúde, a menos que os setores de atenção primária e de assistência social estejam bem equipados para identificar e lidar com o problema, o abuso de idosos continuará sendo subdiagnosticado e ignorado.

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Dia de Portugal e de Camões

Neste dia, evoco Luís Vaz de Camões, a herança que nos deixou, o Poeta maior da Língua Portuguesa, que celebrou Portugal e o Amor, que celebrou a Vida, as Paixões em palavras tão belas, tão certas, que tocam o mais insensível dos mortais.

Não quero saber de discursos de louvaminha, de peregrinações ministeriais pelos lugares da Língua, das palavras balofas e vazias que se repetem ano, após ano, sem proveito para o corpo nem para a alma.

Só há uma maneira certa de celebrar a Língua e o seu maior Poeta: Lendo Camões e a galeria extraordinária de poetas, de escritores, de mestres que nos ensinaram a emoções, as paixões, o Amor, o encontro, o abraço, a alegria. Que deram sentido às nossas lágrimas, aos nossos tormentos, que ensinaram a rimar a palavra Esperança.

Porém, hoje, regresso ao evocado. Deixo-vos esta pérola sobre os amores de Pedro por Inês, imortalizada no Canto III d’Os Lusíadas, tão bela que se ama, só de ler.

"Estavas, linda Inês, posta em sossego,

De teus anos colhendo doce fruito,

Naquele engano da alma, ledo e cego,

Que a fortuna não deixa durar muito,

Nos saudosos campos do Mondego,

De teus fermosos olhos nunca enxuito,

Aos montes insinando e às ervinhas

O nome que no peito escrito tinhas.

Do teu Príncipe ali te respondiam

As lembranças que na alma lhe moravam,

Que sempre ante seus olhos te traziam,

Quando dos teus fernosos se apartavam;

De noite, em doces sonhos que mentiam,

De dia, em pensamentos que voavam;

E quanto, enfim, cuidava e quanto via

Eram tudo memórias de alegria"

Viva a Língua Portuguesa! Viva Camões.

Francisco Moita Flores